Natal!
Relembro com alegria meus tempos de criança, na bela Macapá de então.
O burburinho da cidade e a simples correria daqueles tempos trazem a lembrança coisas gostosas e um coração cheio de esperanças.
Algo muito espetacular acontecia, quando na véspera da Noite Maravilhosa, nos reuníamos na Igreja para a Celebração e o encanto da representação de Natal.
A alegria dos cantos: “Natal, Natal! Em Belém nasce Cristo, o Messias”...
A Anunciação! A Estrela de Belém! A Manjedoura! Os Pastores! Todos recitados em prosa e versos em falas de pequeninos. Então vinha a apoteose: o Auto de Natal do qual todos participávamos, dos mais novos aos mais velhos.
Em tudo podíamos ver nas palavras e força dos abraços, a certeza de que reproduzíamos a verdade límpida das páginas da Escritura Sagrada.
Os presentes – que também recebíamos – sempre ficavam em segundo plano.
As luzes não brilhavam mais do que a clara história do dia em que Cristo se manifestou em carne, e pequenino, pelo canto das hostes celestiais, trazia a Paz a Terra ao homens.
E lá iam os “meninos da Favela”, como o saudoso poeta – e também um deles – Rui Lobato, resolveu chamar toda a turma que, como ele, amava o Natal e o conto da verdadeira história.
Os Lobato, Trindade, Salvador, Pinheiro, Bastos e tantos outros sobrenomes que formavam a bela Igreja, hoje com seu prédio revitalizado, seguiam em preparação para a grande e esperada noite.
Na mente e, especialmente, nos corações, a Verdadeira História do nascimento do Messias era gravada.
Com o passar do tempo entendê-la mostrou-se crucial para a perpetuação da vida de cada um.
Jesus nasceu!
A peculiaridade desse evento, ratificou as profecias a ele referidas em muitos e muitos anos antes daquela noite em Belém da Judéia. “E tu, Belém, Efrata,... de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Miquéias 5:7)
Vozes longínquas, algumas quase susurrantes, anunciadas por muitos profetas, naquela noite se confirmaram: “...eis que a virgem conceberá e dará luz um filho e lhe chamará Emanuel.” (Isaías 7:14).
Sim, vozes que ecoam no tempo para dizer que Deus se encarnou. Ele veio habitar entre os homens. “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sob seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Isaías 9:6)
Hoje, olhar para traz me faz ultrapassar os tempos de menino e esticar a linha do tempo e ir alem da existência do próprio universo.
Esse exercício, que envolve logicidade e fé, leva a se perceber o plano incrível de Deus, o Criador, em olhar para a jóia da Sua criação – o homem – e encontrar a maneira pela qual esse mesmo homem seria restaurado à comunhão com o Seu Deus Criador.
É olhar para o momento mais difícil para o homem, criado em perfeição, quando ousou desobedecer o Criador e recebeu dEle a recompensa desastrosa. Naquele mesmo momento o próprio Criador anunciou o grande evento que celebramos – o Natal: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gênesis 3:15).
Pois então, o descendente da mulher, Jesus, veio! Celebrado nas campinas de Belém: um pequenino bebê.
Veio para cumprir a Sua missão de dar ao homem a oportunidade de se voltar para Deus.
Hoje esse menino cresceu e vivo está. As mãos estendidas e prontas para abraçar a todo e qualquer que o busque.
Da saudade que remonta os meus tempos de menino, nasce a certeza do futuro eterno a partir da Verdadeira História do nascimento do Messias, o Salvador.
Bendito Natal! Maravilhoso Natal! O Natal de Jesus, o Verbo encarnado!
“Paz na terra aos homens de boa vontade.”